A influência da alimentação no estado da pessoa que vive com a infeção pelo VIH (PVIVIH) tem vindo a ser comprovada ao longo dos anos. Uma alimentação nutricionalmente adequada contribui para evitar a progressão da infeção, aumentando a tolerância da medicação antirretrovírica (ARV) e melhorando a qualidade de vida do PVIVIH.

São objetivos da terapia nutricional:

  • Contribuir para a manutenção de um sistema imunitário capaz de combater infeções; minimizar os sintomas e complicações do VIH bem como infeções oportunistas (infeções que têm a oportunidade de invadir um organismo quando as suas defesas imunitárias se encontram enfraquecidas);
  • Reduzir os efeitos da medicação ARV e ajudar na sua tolerância;
  • Providenciar os nutrientes adequados às necessidades das PVIVIH;
  • Evitar a perda de peso, nomeadamente de massa magra minimizando os casos de desnutrição;
  • Contribuir para a melhoria da qualidade de vida das PVIVIH.

 

As recomendações alimentares para um indivíduo seropositivo são semelhantes às que se aplicam à população em geral.

As principais encontram-se descritas abaixo:

  • Começar o dia com o pequeno-almoço.
  • Comer várias vezes ao longo do dia, em pequenas doses.
  • Iniciar as refeições principais com sopa de legumes e incluir sempre hortícolas crus/cozinhados no prato (estufados, assados, salteados, em saladas).
  • Comer 2 a 5 peças de fruta por dia.
  • Dar preferência ao peixe em detrimento da carne, optar por carnes magras, tais como as de aves e coelho e retirar gorduras visíveis. No prato, estes alimentos devem ocupar o tamanho da palma da mão.
  • Comer ovos, no mínimo, 2 a 3 vezes por semana.
  • Incluir as leguminosas (feijão, grão, ervilhas, favas, lentilhas) na alimentação diária (sopas, estufados…).
  • Usar azeite para temperar e cozinhar, mas com moderação.
  • “Abusar” das ervas aromáticas (e diminuir no sal).
  • Fazer cozinhados simples e com pouca gordura: estufados, grelhados, assados e cozidos.
  • Reservar os alimentos doces para as ocasiões especiais e evitar as frituras e produtos de charcutaria.

Uma boa hidratação diária é importante para o bom funcionamento do organismo, recomendando-se a ingestão de 6 a 8 copos de água/chá/infusão por dia, especialmente em casos de diarreia e vómitos.

Um estilo de vida saudável inclui, para além de uma alimentação completa variada e equilibrada, a prática regular de exercício físico. A prática regular de atividade física diária (30 a 45 minutos) está associada a uma melhoria da função imunológica e do bem-estar do PVIVIH, nomeadamente ao nível psicológico. As vantagens desta prática regular incluem: o aumento da massa muscular, uma melhoria da atividade intestinal, o aumento da capacidade funcional e redução da sensação de cansaço, a melhoria do padrão de sono, a melhoria no sistema imunológico e uma perceção da satisfação de vida positiva.

Em suma, uma alimentação adequada nos indivíduos que vivem com a infeção pelo VIH é fundamental para manter um bom estado nutricional, tolerar a medicação, impedir a progressão da doença e todas as alterações decorrentes da infeção. Ao adotar uma alimentação variada, equilibrada e completa, aliada à prática regular de exercício físico, a pessoa que vive com a infeção pelo VIH, poderá prolongar a sua longevidade e promover a sua qualidade de vida.

Autor: Ângela Marques | Nutricionista
Email: angela.marques@abraco.pt